terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Planos para 2020

Quais são os seus planos para 2020? Essa época é muito oportuna para refletir sobre a vida, sobre o trabalho, sobre a família, sobre aquilo que está bom e aquilo que por vezes precisaria ser diferente.

Estar diante de um ano novo é estar diante de um clima diferente, que por vezes alguns vão pensar que é mágico, que com a virada do ano tudo será lindo e maravilhoso, e isso é uma utopia. Como alguém certa vez disse: "Não adianta nada esperar resultados diferentes, tendo a mesma atitude". Assim, é bem certo que as coisas não vão tomar outro
caminho; mas irão continuar acontecendo coisas boas e ruins, vamos continuar nos alegrando, rindo, festejando e ao mesmo tempo em outros momentos chorando, se
entristecendo, tendo problemas para resolver; dessa forma caminha a humanidade.

Mas quais são os seus planos? Eu já ouvi alguns: cuidar mais da minha saúde, perder peso, trocar de carro/casa, se aposentar, passar no vestibular, aproveitar mais tempo com a família, me dedicar mais a igreja, voltar a participar da igreja, e por aí vai.

Ter metas, planos, objetivos é muito bom, dá um gostinho especial à vida.

Sempre é importante lembrar, quando traçamos os nossos planos, que a nossa vida está nas mãos de Deus. Todos podemos planejar, mas no final de tudo, quem dará a última palavra será o nosso Deus. E isso é muito consolador, pois de Deus podemos esperar somente as coisas boas. Ele é o Emanuel, o Deus conosco, assim nunca estamos sozinhos.

Na Bíblia, a palavra de Deus, você encontrará conselhos maravilhosos para a sua vida, que te ajudarão a planejar. Procure por meio do ouvir e estudar a Escritura, se relacionar com Deus; e na oração você tem um meio maravilhoso para falar com Deus, e levar para ele
todos os seus agradecimentos e pedidos, angústias e preocupações. Planeje junto
com Deus e peça que ele abençoe os seus planos.

Quais os seus planos para 2020? Que Deus em seu amor e graça te abençoe nos
366 dias em 2020, dando a você a sua família tudo aquilo que precisam para viver, aqui nesta vida, como também na eternidade. Feliz ano novo!

Pastor Felipe Euzebio

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Congregar, é necessário?

Congregar, é necessário?

A maioria das palavras das línguas que falamos hoje tem sua origem no latim ou no grego. Do latim, tiramos as chamadas raízes das palavras. A raiz que abordamos hoje com vocês é grex, que nos remete a rebanho, manada, reunião. Acreditamos que, quando os apóstolos se referiam à igreja como sendo o rebanho de Cristo, algumas vezes eles podem ter falado na grex de Jesus Cristo.

Dessa raiz surgiu a palavra “gregário" - aquele que anda em grupo, ou aquele que gosta de andar com os seus. Assim apresentam-se os cristãos na igreja, somos gregários, porque gostamos de andar entre os nossos.

Em português, grex adaptou-se para grei, com o mesmo significado: seus semelhantes. Nossos irmãos na fé pertencem à nossa grei, ou pertencemos todos a mesma grei.

Sabe o que significa isso?

Agora chamo a atenção para o seguinte: nos tribunais, quando os advogados fazem seus recursos, eles iniciam o texto assim: "Egrégia Câmara!". Sabe o que isso significa?

É um alto elogio que vem de ex grex, ou seja: fora do grupo. Refere-se à pessoa que, devido às suas qualidades excepcionais, está fora do nosso grupo, acima de nós.

Feitas estas colocações iniciais, vocês já perceberam então que somos gregários porque temos a nossa grex; assim, não somos nós egrégios, porque na igreja não existe "o" melhor, ou "o" bom, ou "o" cara! Somos e devemos ser todos servos, servindo uns aos outros, cuidando uns dos outros, como o apóstolo Paulo nos lembra: Somos todos partes do corpo de Cristo, em que apesar de termos dons e servirmos de forma diferente, sempre o fazemos sabendo que somos iguais e não mais ou menos importantes que os outros.

Nossas igrejas hoje Segregam ou Agregam?


Se você entende isso, perguntamos: nossas igrejas, hoje, segregam ou agregam? Nossa! Agora deve ter dado um nó no cérebro. Vamos com calma. A palavra "segregar" tem a mesma raiz do latim, em que se grex quer dizer: retirar do meio, retirar alguém de entre os seus.

Este é o objetivo do Maligno: retirar um irmão de nosso meio, da nossa grei. Ele faz isso ou tenta de várias formas. Ora explorando a fraqueza da própria pessoa, ora explorando a fraqueza do grupo. Por exemplo: às vezes não sabemos lidar com um irmão que é diferente de nós, que pensa ou age de forma diferente. Ficamos incomodados e até irritados com a forma dele pensar, que é diferente da nossa, e, às vezes, destoa do grupo. Ou nos perturba a sua forma de vestir, de se comportar, já que ele tem como origem ou uma classe social diferente, ou uma etnia diferente.

Sim, nós temos fraquezas, tanto individualmente como em grupo. Mas em grupo somos muito mais fortes, É por isso que o próprio Deus, os profetas, Jesus e os apóstolos sempre nos aconseIham a congregar e agregar.

Agregar? Sim. Agregar vem de ad grex que quer dizer "junto", colocar junto com o grupo. Se o Maligno vem e segrega, nosso trabalho é ir e agregar. A cada dia. E isso se faz com a união da grei, estando nós congregados. A palavra grega, nosso trabalho é ir e agregar. A
cada dia. E isso se faz com a união da grei, estando nós congregados. A palavra "congregar" tem como origem: com grex, que também significa "juntar"; mas, diferente de ad grex, o com grex tem um significado muito especial.

Enquanto que ad grex refere-se à soma das partes, o com grex" refere-se à ação de "coletar juntos" para "compactar". Esse significado é muito interessante.

Compactar é algo muito mais forte, mais resistente. Precisamos congregar e buscar os segregados para compactá-los, formando um bloco, uma rocha, em que o mar bate com as ondas e se desfaz, e sabemos que esta rocha tem um nome: Igreja.

Respondendo, então, à pergunta: Congregar, é necessário? A resposta é um amém, certeiro e convicto: SIM.

Aproximamo-nos do fim dos tempos, e podemos dizer que a cada dia mais. Na carta aos Hebreus, em uma palavra muito especial sobre o assunto, vejamos: Cuidemos também de nos animar uns aos outros no amor e na prática de boas obras. Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns. Pelo contrário, façamos admoestações, ainda
mais agora que vocês veem que o Dia se aproxima (Hb 10.24-25).

No mundo em que vivemos há uma descontinuidade. Acreditamos que não é preciso muita coisa para nos darmos conta de que os dias que estamos vivendo são difíceis e que as profecias das escrituras estão se cumprindo. O nosso tempo está se acabando.

Vemos cristãos ainda sendo perseguidos e mortos. Falta de amor e de pensar no outro. Crise política, econômica e social. Catástrofes naturais acontecendo nos mais diversos lugares, às vezes se repetindo novamente nos mesmos locais. Os dias não estão fåceis. E nós somos um povo de Deus que poderíamos escrever em um cartaz essa frase: "Eu já
sabia! Eu já sabia e sei que a tendência é ficar pior ainda".

Hebreus diz: O Dia se aproxima. E nos dá um conselho muito especial: Não deixemos de nos congregar. Está sendo dito aqui que quando a gente percebe a volta de Jesus, o seu retorno, nós não deveríamos deixar de nos congregar. Congregar é andar em grupo, é se reunir, a gente não deveria abrir mão disso. Isso não deveria deixar de ser prioridade, porque o Dia se aproxima, e na congregação nós temos irmãos e irmās que estão buscando o mesmo objetivo. Na congregação, nós temos a Palavra de Deus sendo anunciada dia após dia sobre a grande necessidade de estarmos atentos, e lembrarmos daquilo que Jesus pediu: vigiai e orai.

A Igreja Cristā nunca deixou de congregar. Se alguém é cristäo, ele vai procurar a congregação. Uma das sete marcas da lgreja, conforme as nossas confissões é: O CULTO.

Assim, todos nós, congregados, percebemos, pelos sinais dos tempos do fim que a Bíblia descreve, que Jesus está voltando. E precisamos ter prioridades na nossa vida, e a maior delas é a nossa salvação. Afinal, se você ganhar o mundo todo, mas perder a sua alma (salvação eterna), você é a pessoa mais infeliz de todas.

Agora tem mais um detalhe: quantas são as pessoas que estão perdendo a sua fé nesses "últimos dias"?

Há pessoas que estão vacilando na sua fé. Pessoas que estão ficando sensíveis às tentações de abandonar aquilo que é o principal. E quantas vezes não é por causa dos congregados que segregam pessoas por falta de amor, de atenção, de preocupação, de aceitação do gam pessoas por falta de amor, de atenção, de preocupação, de aceitação do outro, assim como ele é.

Note a palavra "costume", usada em Hebreus 10. E aí percebemos que congregar é um costume também. Precisamos nos acostumar, nos habituar a estarmos unidos, como congregação, como corpo de Cristo, como povo de Deus. Especialmente porque o Dia se aproxima. Precisamos nos cuidar, para não nos perdermos nas seduções que existem
aqui nesta vida.

A benção de congregar

Queridos irmãos, não deixemos de nos congregar. Os pastores insistem em convidar as pessoas para o culto; membros e líderes se esforçam para termos sempre uma igreja acolhedora, e muitos não entendem a riqueza que é ouvir a Palavra. Muitas pessoas não compreendem o que implica estar aqui congregados.

O convite não é pelo dinheiro. O convite não é pela estatística da igreja. O convite é porque o Dia se aproxima, e nós precisamos nos unir e reunir, para estarmos mais fortes.

"E façamos admoestações", diz o texto, ou seja, o pastor é aquele que faz admoestações, que anima, que chama: Vamos, vamos, vamos ficar mais perto da Palavra, da Ceia do Senhor, vamos valorizar o nosso batismo, lutar contra o pecado com as armas de uma fé fortalecida pelos sacramentos e pela comunhão com os irmãos, vamos colocar os nossos olhos fixos em Jesus. Aquele que perseverar até o fim, diz Jesus, esse será salvo.

Aquele que deixa de congregar e se afasta gradativamente da Palavra e dos sacramentos, caminha perigosamente para o esfriamento ou a negação sua fé, preferindo valorizar as coisas desta vida. Elas também são importantes e necessárias, mas acima delas, nós precisamos lembrar que existe algo infinitamente maior, a nossa fé em Jesus e a congregação dos que creem, que amam e louvam a Deus e servem ao próximo com alegria.

Assim, congregar é um ato que nos faz encontrar forças para viver e permanecer na fé, até o dia do nosso encontro com Cristo. Segregar é o que o diabo mais quer, separar, dividir os que congregam, para que vacilem e sejam recebidos por ele no inferno. Mas, como
Igreja Cristā, que possamos cada vez mais permanecer congregados e agregar ainda mais pessoas, a fim de que possam encontrar em Jesus consolo, conforto e, acima de tudo, esperança. Pois mesmo que o mundo esteja caminhando para o fim, nós estamos indo para o começo de uma vida incomparavelmente melhor.

Por isso, quanto à pergunta: Congregar, é necessário? Bem, podemos dizer, é uma bênção e um privilégio inigualável estarmos congregados.

Pastor Felipe Erdmann Euzebio
Fábio Leandro Rods Ferreira

domingo, 1 de dezembro de 2019

Esperando a visita

Como é bom receber uma visita de pessoas que nós amamos, de pessoas que são importantes para nós. Normalmente ficamos ansiosos e esperando pelo momento da chegada.

Para receber essa nossa visita importante, procuramos dar o melhor de nós, nos preparando para receber bem. Vamos ao supermercado, pensamos no cardápio, limpamos a casa, deixamos tudo arrumado.

Sabe que essa espera por uma visita tem tudo a ver com esse período do ano que estamos, perto do natal. Dentro do calendário da igreja cristã estamos vivendo o período do Advento.

O Advento é um tempo de espera e preparação para a visita de Deus ao mundo, se tornando um ser humano, por meio do menino Jesus. Porém, é bem verdade que, ao mesmo tempo, é um periodo de muita correria, com tantas coisas acontecendo em paralelo. E o maior risco é justamente Jesus ficar de fora do nosso natal.

Estamos nos preparando para a visita de alguém muito importante, aliás, aquele de mais importante que temos em nossa vida. Ele foi prometido ao povo de Deus no Antigo Testamento e aguardado por muitos. E ele veio, no primeiro natal, com uma missão muito especial, e agora continua vindo em nossos corações, e virá no seu segundo advento para nos levar dessa vida para um lugar incomparavelmente melhor. Por isso preparamos não as nossas casas, mas os nossos corações, para que ele crie em nós um novo coração.

Há muitas formas de vivermos esse período, e uma delas, é um desafio que quero propor a você. Somos a congregação São Lucas, e o Evangelho de Lucas tem 24 capítulos. O desafio é justamente esse: Que do dia 01 até 24 de dezembro você leia 1 capítulo por
dia de Lucas, e assim, até a véspera do natal, terá lido um relato completo da vida de Jesus e na manhã de natal, no dia 25, saberá quem é e porque aquele menino do natal é tão especial.

Acompanhe em nossas redes de comunicação o desenvolvimento desse projeto e um feliz e abençoado natal para você!

Pastor Felipe Euzebio

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A Benção do Senhor

Ao longo desse ano pudemos caminhar por vários elementos
importantes do culto luterano, que você pode rever nas edições anteriores. Agora chegamos ao final do nosso culto, o qual
termina com a bênção do Senhor.

O texto da bênção está em Números 6. 24-26: "O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti. O Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz". Essas são as palavras que normalmente são usadas em nossos cultos, chamada de bênção Araônica.

Mas é interessante o versículo seguinte, o 27: "Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel e eu os abençoarei". Lembram como começa o culto? Com o nome de Deus: "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". E agora terminamos o culto com nome sendo colocado de uma outra forma: O Senhor... O Senhor... O Senhor... Mais uma vez o Deus Triuno. O culto começa e termina lembrando quem nós somos: Filhos e filhas de Deus, batizados, em Jesus.

Outra forma que é comum ser usada na bênção é a bênção apostólica: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Deus, a comunhão com Espírito Santo, sejam com todos vós". Da mesma forma finalizando o culto de forma trinitária.

E, assim, nós nos despedimos da casa de Deus, abençoados por ele para mais uma semana que se inicia. Nossa semana como cristãos começa com a bênção do Senhor. Fomos no culto, consolados e orientados pela palavra de Deus, fortalecidos pelos sacramentos, e agora retornamos a nossas atividades diárias. E ali no dia-a-dia vivemos a nossa fé e testemunhamos do amor desse Deus.

Sendo assim, o culto é o evento mais importante da nossa semana, o local em que o povo de Deus se reúne, convidados pelo próprio Deus. Local dos que oram, cantam, ouvem, um local para amar e ser amado. Participe sempre conosco desse momento tão especial.

Aqui na congregação São Lucas, todos são bem-vindos, aos domingos às 9h e no terceiro sábado do mês às 19h. Para nós é uma alegria receber cada pessoa que aqui vem adorar o nosso Deus, junto com a gente.

Pastor Felipe Euzebio

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

O que fazemos com nossos pastores?

O lema do próximo Congresso Nacional da Liga de Leigos Luteranos do Brasil (LLLB) é: "Leigos e pastores juntos servindo ao Senhor". É magnifico! É formidável! Que bom que a
igreja se põe a pensar sobre este tema.

Como estive à frente do processo de Chamado Pastoral de minha Congregação, que por sinal, não foi fácil, mas me permitiu ter uma experiência muito importante e gratificante dentro da lgreja, sei muitobem da importância dessa parceria.

O fato de ter tido um contato mais próximo com os pastores indicados, ouvindo-os e lendo as respostas dos questionários, levou-me a uma indagação: O que estamos fazendo com nossos pastores?

A pergunta parece estranha, eu sei, mas reflita: Você sabia, por exemplo, que os pastores sofrem de solidão? Como assim? Se eles estão casados, têm filhos, têm a congregação!? Não é deste tipo de solidão que falo, aquela do eremita. A solidão que falo é a do Ministério Pastoral, do trabalho como pastor de uma congregação.

Ao conversar com os pastores durante o processo de Chamado percebi claramente que a dificuldade dos pastores é basicamente a mesma: a falta de interesse de grande parte de suas ovelhas, dos membros, pela igreja.

Mesmo na congregação e dentro dela, a maioria dos pastores está invariavelmente sozinha. Não há com quem falar, com quem expor abertamente seus receios e seus planos. Por exemplo: quando o pastor tem uma ideia para alguma tarefa, todos dizem: "Que legal, pastor!" Todos dizem: "Vamos fazer, pastor!" Mas quando o pastor olha para trás, ele está sozinho.

Precisamos mudar esse cenário, e esse despertar da LLLB é fundamental. Nossos
pastores precisam de amigos dentro da congregação. Precisam que alguém se importe em saber se ele está atendendo bem a sua família, de como está sua saúde. Se está tendo tempo adequado para os estudos, para preparar o culto, se ele dorme bem, etc. Caso contrário, por mais que digamos "Este é o meu pastor", ele não passará de um estranho que vemos apenas aos domingos quando vamos ao culto.

Precisamos nos lembrar que cada membro é um sacerdote perante Deus, pois exerce o Ministério Sacerdotal. Isso significa mais do que cada cristão ter acesso direto a Deus. Significa dizer que cada cristão deve oferecer a si mesmo, suas posses, seu tempo e seus talentos ao Senhor, na obra de amor aos seus irmãos. Todos eles, e inclusive ao pastor.

Portanto, cuidar do templo, trocar paramentos, comprar hóstias, comprar vinho, preencher livros, preencher cadastrados, incentivar membros a comprarem livros cristãos, a estudarem literatura cristā, a participarem de Congressos, a assinarem o Mensageiro Luterano, a levarem os filhos às escolas biblicas, realizarem estudo bíblico do PEM, fazerem escalas de recepcionistas, de auxiliares,
organizarem eventos missionários, tudo isso é tarefa dos membros da congregação.

É tarefa de leigos e de servas, porque eles têm mais e maiores oportunidades do que os pastores para desempenhar a obra do Senhor no mundo e dar testemunho da verdade'. Porém a verdade é que muitas vezes nos omitimos nestas tarefas e jogamos toda a carga do trabalho para o pastor, esquecendo que o pastor é quem auxilia os membros a fazerem o trabalho que é deles, e não o contrário, uma vez que, aos pastores, que exercem o Ministério Pastoral, cabe a tarefa de preparar leigos e servas para o exercício de seu Ministério Sacerdotal (1Pe 2.5-9). Se não fizermos assim, estaremos provocando em nossos pastores um sentimento ruim de incompetência e de culpa, deixando-os sozinhos.

Outro ingrediente que pesa no Ministério Pastoral é o fato de alguns pastores estarem em uma congregação distante, dificultando-lhes o contato com outros colegas pastores ou com o conselheiro distrital.

Você consegue visualizar este cenário solitário?

Pois bem, esta solidāo representada pela falta de amizade e pelo excesso de tarefas gera uma consequência grave para o ser humano que esta na função de pastor de uma congregação. A dificuldade financeira da congregação; a ausência de participação dos membros nas tarefas da igreja; a falta de contato com colegas pastores; a falta de reconhecimento pelo trabalho realizado, são fatores de uma equação matemática em que o resultado pode ser a depressão ou outras doenças. 

Doenças psicológicas e neurológicas podem estar sendo muito frequentes nos pastores sem sabermos, pois não existe nenhum acompanhamento sobre esta situação.

Os números oficiais da IELB refletem um cenário preocupante.

Entre 2005 e 2009, ingressaram na IELB 122 novos pastores. No mesmo período, 43 pediram licenciamento e 31 saíram do Ministério. Considerando apenas os que saíram, a diferença entre os que entraram e saíram foi de 25%.

Nos quatro anos seguintes, entre 2010 e 2014, ingressaram na IELB 80 novos pastores. No mesmo periodo, 35 pediram licenciamento e 60 saíram do Ministério. Nesse período, a diferença entre os que entraram sairam subiu para 75%.

Por fim, nos últimos trës anos, entre 2015 e 2017, ingressaram na IELB 52 novos pastores, e, no mesmo período, 20 pediram licenciamento e 45 saíram do Ministério. Nesse período a diferença entre os que entraram e saíram foi ainda maior, chegando a 86%.

Infelizmente, a IELB não possui registro de quantos pastores saem ou pedem licença por questões de saúde.

Nesse ponto, a IELB também deveria ter um melhor acompanhamento, não se limitando a interferir no Ministério Pastoral apenas em casos de violação da ética. É necessário ter um acompanhamento e registro centralizado da saúde dos pastores, principalmente da saúde mental, encaminhando-os a tratamento conveniado quando necessário ou quando a Congregação não tiver condições de fazer isso.

O que estamos fazendo com nossos pastores?

Na 62º Convenção Nacional foi dado um enfoque especial para a atenção à família. Foi
dito que os membros não podem dedicar-se unicamente e exaustivamente à igreja. A
família é mais importante, está em primeiro lugar. Sob esse prisma, foi questionado se as
congregações estão observando seus pastores, dando-lhes tempo para que possam dar atenção e cuidados aos seus filhos, à sua esposa.

E o que podemos fazer?

A partir do Evangelho anunciado e vivido pelo nosso bom pastor Jesus, somos motivados
a ir ao encontro do nosso próximo. E o nosso pastor é um dos nossos próximos que precisa
da nossa atenção, do nosso acolhimento, da nossa ajuda e apoio. Devemos realmente nos
importar com ele. 

Observar e avaliar o trabalho dele, parabenizando-o pelas coisas boas e apontando com amor aquilo que não ficou bom. O reconhecimento, a valorização e mesmo a crítica construtiva, são extremamente necessárias para o ser humano, também para o pastor.
 
Verifique com o pastor se ele estå atendendo as necessidades da família durante a
semana, como: levar o filho ao médico, participar de reunião de pais na escola, consertar as tomadas dentro de casa; ele está tendo tempo para fazer estas coisas? Como está o INSS de seu pastor? Como ele vai sustentar a família caso fique hospitalizado?

Divida com seu pastor as tarefas do templo. Assuma a sua parte no trabalho da igreja. Assuma já o seu sacerdócio! Retire do pastor as tarefas meramente administrativas. Não tenha medo de dirigir um Estudo Bíblico, os leigos e pastores devem servir ao Senhor de forma conjunta. Dê ideias para o Programa de Natal, para o Jantar de Advento, para as festividades de Páscoa; você não tem ideia de como o pastor gosta e quer isso.

Por fim, seja amigo do seu pastor. Converse com ele, mostre interesse por ele, por sua família, por seu trabalho. E lembre-se: mais do que ser o seu pastor, ele é seu irmão na caminhada da fé, e a nova vida que Deus lhe deu em Cristo, a partir do Batismo, nāo pode e não deve ser vivida isoladamente, egoisticamente, mas ser "consumida" servindo em alegria a Deus e ao próximo, segundo o chamado e os dons que cada um de nós recebeu.

Fabio Leandro Rods Ferreira

terça-feira, 1 de outubro de 2019

A Celebração da Santa Ceia

O objetivo aqui não é entrar nos detalhes da teologia da santa ceia, só será possível mencionar alguns dos aspectos dela.

A santa ceia é uma refeição festiva, de ação de graças; é o banquete que Cristo nos oferece enquanto aguardamos sua vinda em glória; é comunhão com Cristo e com os membros de seu corpo; é um meio todo especial que Cristo tem de aplicar a nós a justiça que ele conseguiu na morte e ressurreição.

A Ceia do Senhor foi instituída pelo Filho de Deus, portanto, a sua instituição é divina e permanente.

Nós, luteranos, cremos que a pessoa de Cristo está presente na Ceia do Senhor. Sob o Pão e o Vinho recebemos nada menos que o Corpo e o Sangue, dado e derramado por nós, pecadores. A isso chamamos de União Sacramental. A celebração da ceia acontece em três partes:

a) Prefácio: é talvez a parte litúrgica mais antiga de nosso culto. Expressa reverência, adoração, alegria e ação de graças. As palavras "Levantai os vossos corações", que soam um pouco estranhas, são um convite a dirigirmos nossos pensamentos a Cristo, cujo corpo
e sangue iremos receber. O "levantemo-los ao Senhor" é o "sim" da congregação. O "demos graças ao Senhor" faz lembrar a ação de Jesus na noite em que foi traído
(Mt 26.27). Outra forma de dizer isto são as palavras "com os anjos e arcanjos com toda a companhia celeste louvamos e magnificamos o teu glorioso nome, exaltando-te sempre...". Estas palavras deixam claro que, na ceia, nos unimos ao culto eterno dos anjos e da igreja
triunfante no céu.

b) Consagração e Administração: as palavras da instituição são ligadas aos elementos externos do sacramento, ou seja, ao pão e ao vinho. Constituem uma permanente memória da noite em que Cristo foi traído.

c) Pós-Comunhão, "Nunc Dimittis": são as palavras latinas que iniciam o cântico de Simeão (Lc 2.29-32). "Nunc dimittis" quer dizer "agora despedes". Não há palavras mais apropriadas para aqueles que, a exemplo de Simeão, viram a salvação do Senhor. "Ação de Graças: erguer a voz em mais um agradecimento. É a única resposta possível, é tudo que se pode fazer depois de ter recebido tão grande dom da salvação.

Sendo assim o momento de celebrar a Ceia do Senhor dentro do culto sempre é muito especial e único em nossa vida. Que possamos sempre ser acolhido no convite de Jesus: "Vinde a mim todos que estão cansados de carregar pesadas cargas e eu lhes darei descanso". Que assim seja, amém.

Pastor Felipe Euzebio

domingo, 8 de setembro de 2019

Damasco deixará de ser Cidade...

Nas últimas semanas, uma imagem alvoroçou as redes sociais. Era a foto de uma página da Bíblia com o texto de Isaías 17.1 grifado: "Eis que Damasco deixará de ser cidade e será um montão de ruínas".

Segundo algumas pessoas, esse texto seria uma profecia bíblica a respeito da atual guerra na Síria e da destruição de sua capital, Damasco. Será? "Pode isso, Arnaldo?" Claro que não! A regra é clara: Isaías profetizou a invasão de Damasco pelo Império Assírio, sob comando de Tiglate-Pileser III, em 732 a.C. Isso mesmo! A profecia se cumpriu há mais de 2.700 anos. Isso significa que o texto NÃO TEM NADA A VER com a guerra atual na Síria.

Dizer que Deus está causando a guerra na Síria é pregação religiosa da pior qualidade. É evangelho falsificado! É cruel justificar ou explicar as ações irresponsáveis dos "chefões da guerra", como Bashar al--Assad e o Estado Islâmico. É tendencioso e cruel citar uma profecia bíblica para dar ares de "guerra santa" às intervenções dos governos turco, russo e outros. Prefiro direcionar o olhar para outro trecho do livro de Isaías: "Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados" (53.5). Essa profecia se refere a Jesus e revela que o Messias é esmagado por causa dos pecados humanos.

Jesus chora e sofre com cada criança, jovem e adulto atingido pela guerra na Síria. Apesar de NÃO conseguir responder satisfatoriamente por que Deus permite essa guerra, posso dizer que Jesus sofre com os que choram e que suas feridas na cruz trazem cura para a humanidade. A voz e as ações dos cristãos devem se levantar contra toda e qualquer injustiça. Esse era um dos trabalhos dos profetas de Israel, que denunciavam as injustiças
de seu tempo, defendendo as viúvas, os refugiados e os órfãos, por exemplo. Levar Cristo para todos também significa trabalhar por justiça e paz. Orar e zelar pela "paz na cidade" foi o clamor do profeta Jeremias.

Nós aguardamos com ansiedade e confiança pelo dia em que outra profecia que Isaías escreveu seja completada: "Não haverá nela criança que viva somente alguns dias. [..] O lobo e o cordeiro pastarão juntos. [...] Não se fará mal nem dano algum em todo meu santo monte"(Is 65.20,25). Este será um dia glorioso de paz e felicidade eternas. A certeza de que essa profecia será cumprida nos enche de esperança e ânimo para levar o Evangelho a todos, anunciando o Cristo Salvador com palavras e ações.

Pastor Mário Rafael Yudi Fukue

domingo, 1 de setembro de 2019

O Ofertório

"Cria em mim ó Deus, um puro coração e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me alegria da tua salvação e sustém-me com um voluntário espírito. Amém."

O ofertório, ao contrário do que muitos podem pensar, não é um cântico de conclusão do sermão. Inicia-se com ele a segunda parte do culto, onde nos oferecemos como um todo: o nosso coração, dons, tempo e bens para o serviço da igreja. No ofertório estão contidos três partes:
 O "Cria em mim", que não é uma conclusão ao sermão e sim o início de uma nova parte litúrgica, é feito de palavras do Salmo 51.10-12. É um ofertório porque, com estas palavras,
estamos nos oferecendo a Deus, pedindo que Ele nos transforme, nos dê nova vida, novo
coração  - no poder do Espírito Santo. É, sem dúvida, uma bela oração. Nela, entregamos nosso coração e nossa vida à Jesus.

O recolhimento das ofertas vem como algo natural. As ofertas são a manifestação exterior de nossa dedicação interior a Deus. Seu recolhimento é um ato de culto, não um mero intervalo para "recolher" dinheiro. A oferta é um ato de louvor e gratidão a Deus, por isso ela não é lei e nem obrigatória, nem deve ser um peso, mas sim, um reconhecimento de tudo o que Deus fez e faz, e assim ela se torna um momento de gratidão a Deus.

A oração geral é um complemento litúrgico as ofertas. Nela se ora por tudo e por todos, razão do nome de "oração geral". Através dela, a igreja faz uso desse maravilhoso meio pelo qual falamos com Deus e trazemos a Ele os nossos pedido e agradecimentos.

Pastor Felipe Euzebio