O Halloween se tornou um feriado comercial importante nos Estados
Unidos, o segundo em lucro potencial, perdendo apenas para a época do Natal.
Uma família americana média já gasta mais de 100 dólares cada ano em truques,
presentes e decorações assustadoras.
O que nós cristãos fazemos com o Halloween? É diversão inocente ou algo a ser evitado?
O que nós cristãos fazemos com o Halloween? É diversão inocente ou algo a ser evitado?
História
Halloween é a abreviatura de All Hallows Eve [Véspera de Todos os
Santos], ou seja, a noite antes do Dia de Todos os Santos, um dia santo cristão
no qual os crentes honravam os santos (aqueles “santificados” [hallowed]), os
heróis e mártires da fé. Para os luteranos, All Hallows Eve [Véspera de Todos
os Santos] é também o Dia da Reforma, o dia em que Martinho Lutero afixou suas
95 Teses para debate na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.
Na Idade Média, as pessoas tinham uma profunda percepção do demoníaco.
Basta pensar no hino da Reforma de Lutero “Castelo Forte”: “O mundo venham
assaltar demônios mil, furiosos, jamais nos podem assombrar”. As pessoas
acreditavam que os demônios estavam em atividade especialmente na véspera de
Todos os Santos [All Hallows Eve]. As pessoas esculpiam cabeças com caras feias
e as colocavam fora para guardar suas casas. É similar à prática de esculpir
gárgulas grotescas sobre os bicos de drenagem das catedrais para afastar
demônios. As pessoas desfilavam nas ruas vestidas com trajes e máscaras para
confundir os demônios e frustrar seus planos.
O dia santo de Todos os Santos tinha tudo mas acabou, especialmente no
cristianismo protestante, que mal reconhece os santos e muito menos os honram.
A cultura popular deu sua interpretação para All Hallows Eve [Véspera de Todos
os Santos] e o transformou em outro truque de fazer dinheiro. Grande parte da
diversão é inocente, embora ruim para os dentes. As crianças se vestem como
Power Rangers, bailarinas e Bob Esponja e se fartam com os doces pedido aos
vizinhos com licença especial dos pais e dentistas.
No entanto, há um lado mais escuro, mais sinistro do Halloween. Grupos
satânicos e pagãos fizeram do Halloween seu próprio e especial “grande dia
santo”. Os protetores de animais alertam os proprietários de gatos pretos a
mantê-los dentro de casa para que eles não sofram danos. Uma noite que uma vez
foi de confronto com o diabo se tornou uma celebração de todas as coisas
diabólicas. A velha natureza sempre prefere as trevas que a Luz.
Convém aos cristãos participar? A resposta poderia ser um “não” a todo
vapor, fundamentalista. Mas toda estrada tem dois lados, e o Halloween não é
exceção.
De um lado
Há o perigo de tomar a morte e o diabo com muita leviandade. Não se
engane: O diabo é real. Ele não é um cara vermelho com uma cauda pontuda e um
tridente. Ele é um mentiroso, o pai da mentira e um assassino. Ele se disfarça
de anjo de luz, parecendo ser muito religioso, a fim de enganar as pessoas e
chamar a sua atenção para longe de Jesus Cristo (2 Co 11.14).
Um crente batizado pertence inteiramente ao Senhor e não tem comunhão
com o diabo e seus demônios. Assim, quando os cristãos tomam parte no lado
sombrio do Halloween, pode criar a falsa impressão de que a morte e o diabo não
são um negócio sério ou que está tudo bem para os cristãos jantar com o diabo
de vez em quando, contanto que suas colheres sejam longas o suficiente. Nenhum
cristão fiel, que leva o pecado a morte e o diabo a sério iria querer alguma
coisa com isso.
Do outro lado
Há o perigo de levar o diabo muito a sério. Ao contrário do que alguns
tipos impressionáveis parecem acreditar, o diabo não é todo-poderoso,
onisciente, onipotente, ou presente em toda parte. Ele é um anjo caído, uma
criatura de Deus que se voltou contra o seu Criador. Ele está preso e derrotado
pela morte e ressurreição de Jesus. Ele é um mentiroso e um perdedor e sua
única esperança, com o pouco tempo que lhe resta, é convencer o mundo de que a
morte de Jesus na cruz não é suficiente para nos salvar.
Jesus Cristo venceu a morte por todas as pessoas, de uma vez por todas.
Ele derrotou o diabo com sua morte na cruz. Podemos viver em confiança, sem
medo da morte e do diabo, sabendo que Deus está em paz conosco na morte de
Jesus, que Jesus ressuscitou dentre os mortos e que nós também seremos
ressuscitados. Cristo venceu. O diabo está derrotado. “Julgado ele está;
vencido cairá” [Castelo Forte].
O caminho do meio
Jesus não foi pendurado em uma cruz para que seus cristãos saíssem por
aí com um olhar severo em seus rostos, julgando todos à sua volta. Quando
cristãos se tornam excessivamente críticos do Halloween, podem criar a falsa
impressão de que Jesus não reina desde já sobre todas as coisas, incluindo o
diabo, e que Ele não venceu a morte através da sua morte e ressurreição ou que
o diabo deve ser temido mais do que Deus.
Um pietismo carrancudo da parte dos cristãos confirma a noção equivocada
do mundo de que o cristianismo não é nada mais do que uma religião de regras
traçadas por babás moralistas que querem tirar a diversão de tudo. Martinho
Lutero nos lembrou que precisamos aborrecer o diabo em todas as chances que
temos. Lutero fez isto muitas vezes de maneiras bastante pitorescas. O
Halloween certamente oferece a oportunidade de zombar "o velho e malvado
inimigo".
Tendo definido os lados, vamos voltar à questão que começou toda esta
discussão. Convém aos cristãos participar do Halloween? Tudo depende. É claro
que não imagino crentes batizados em Jesus Cristo dançando na floresta em torno
de fogueiras, enquanto cantam orações pagãs para a deusa mãe ou sacrificando
gatos pretos, não obstante todo o liberalismo ecumênico. Por outro lado,
a principal obra do diabo é nos afastar da morte e ressurreição de
Cristo e nos fazer focar em nossas próprias obras, orações e piedade. Ele
parece estar fazendo um trabalho consideravelmente decente do que no
mega-cristianismo. Falando de maneira geral, a bobagem cultural associada com o
Halloween tem quase tanto a ver com o diabo quanto o Natal hoje tem a ver com a
encarnação do Filho de Deus.
Como vamos decidir?
O amor do próximo e a preocupação com a sua salvação vai nos dar uma
pausa para algumas perguntas. O que seu próximo, sua família, seus filhos, seu
irmão ou irmã em Cristo pensará da sua celebração do Halloween? Será que vai
ajudar ou atrapalhar a sua fé em Jesus? Será que sua diversão no Halloween
testemunha a vitória e a liberdade da morte de Jesus e a ressurreição, ou ela
exalta os poderes das trevas e da morte? Será que dá atenção indevida às trevas
e ao demoníaco, ou zomba das coisas que já foram derrotadas? Você é capaz de
falar francamente sobre a realidade da morte e do diabo com seus filhos e
dizer-lhes da vitória de Jesus?
Liberdade em Cristo é sempre temperada pelo amor ao próximo. Você está
completamente livre em Jesus para servir o seu próximo em amor (Rm 14.1-23).
No final, você deve decidir por si mesmo como e até que ponto você e sua
família irão participar das festividades de Halloween. O contexto é importante.
A milhagem local pode variar. O melhor conselho que posso dar é aborrecer o
diabo, honrar a Cristo e tirar aquele olhar severo de seu rosto. Lembre-se de
quem você é através do Santo Batismo: um sacerdote batizado no santo sacerdócio
de Cristo “a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9).
Rev. William M. Cwirla
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