Quantas mentiras eu já escutei no dia
de hoje? Se o sol já se pôs, então a conta é grande. Uma pesquisa diz que cada
pessoa ouve 100 mentiras por dia. E deve ser verdade. É só ir às compras e
vamos encontrar um monte de produtos adulterados, fora da validade, com preços
enganadores. Tempos atrás, fui abastecer o carro e fiquei intrigado com o preço
da gasolina: R$ 2,999. Perguntei ao frentista se ele conseguiria o troco caso
eu pedisse apenas um litro, e ele ficou me olhando sem saber o que dizer. Para
dizer toda a verdade, aquele valor da gasolina era uma pequena mentira. E uma
mentirinha bem vantajosa com tantos litros de gasolina vendidos por dia. E por
falar em vantagens, depois da Copa vem a campanha política para as eleições, e
o número das mentiras vai aumentar consideravelmente. Mas a mentira sempre tem
perna curta.
Numa matéria de capa da Veja, sob o título
“As marcas da mentira”, a revista trata de estudos que afirmam que é possível
decifrar se uma pessoa diz a verdade, tudo isso através da linguagem verbal,
facial e corporal. Segundo a pesquisa, as nossas expressões faciais através dos
43 músculos do rosto são as mesmas em qualquer lugar do mundo quando sentimos
medo, tristeza, nojo, alegria, desprezo, surpresa e raiva. Interessantíssimo. O
botox pode dificultar um pouco, mas tudo está na cara, as verdades e as
mentiras. Isto prova que quem vê cara vê coração, diferente do ditado “quem vê
cara não vê coração”. Resumindo: está cada vez mais difícil mentir sem enganar.
Perante Deus nós sabemos, é impossível. Ele vê tudo, ele sabe tudo. Não pelas
expressões faciais, mas pelos “músculos” do coração. Nós cristãos, no entanto,
falamos a verdade; evitamos dizer mentiras, não porque Deus vê tudo, mas por
aquilo que Paulo escreve aos romanos: “Assim como Cristo foi ressuscitado pelo
poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova”.
Todas as mentiras vêm de um lugar só,
o coração humano (Mc 7.21). Ninguém aprende a mentir com os outros, é coisa de
cada um. “Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há
verdade em nós”, sustenta o apóstolo (1 Jo 1.8). A mentira mais deslavada é
dizer que não mentimos, aliás, uma blasfêmia, pois “Se dizemos que não temos
cometido pecados, fazemos de Deus um mentiroso...” (1 Jo 1.10). Uma pesquisa
vem confirmar o quanto o ser humano está contaminado pela mentira: uma pessoa
conta, em geral, três mentiras a cada dez minutos. É o que afirma o estudo
realizado por Robert Feldman, professor de psicologia nos Estados Unidos, e
autor do livro Quem é o mentiroso da sua vida?. A pesquisa indica que recorrer
a inverdades é questão de hábito e uma forma de manter o bom convívio social. O
especialista em segurança eletrônica e autor do livro Mentira – um rosto de
muitas faces, o brasileiro Wanderson Castilho, confirma que é praticamente
impossível um ser humano viver em sociedade sem usar a ferramenta da mentira em
algum momento da vida. Quem diz que nunca mente está mentindo. Há muitos
motivos para mentirmos, entre eles quando somos movidos pela vergonha ou pelo
orgulho. Em outros casos, é provável que mintamos para atenuar o impacto que a
verdade teria.
Mas isto não elimina o pensamento de
Deus sobre a mentira, pequena ou grande. A Bíblia diz que “Existem sete coisas
que o Senhor Deus detesta e que não pode tolerar: o olhar orgulhoso, a língua
mentirosa, mãos que matam gente inocente, a mente que faz planos perversos, pés
que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que diz mentiras e a pessoa
que provoca brigas entre amigos” (Pv 6.16-19). Percebe-se que a mentira é
mencionada duas vezes e está diretamente envolvida com as outras cinco
intolerâncias divinas. Nem é preciso comentar os motivos dessa indignação do
céu num mundo comprimido pela falsidade. Tanto que o diabo é o próprio pai da
mentira, diz a Bíblia, e através dela influenciou o ser humano para
desacreditar no Deus da Verdade.
Interessante o que escreve Castilho,
que “nosso cérebro não aceita a negação. Quando a pessoa mente, está negando a
verdade, e alguma parte da sua expressão facial ou do corpo vai denunciá-la. Aspectos
como freqüência do piscar de olhos, uso das sobrancelhas para dar ênfase a
alguma parte da conversa, posição das mãos e das pernas, rigidez do ombro, e
aspecto da testa e da boca são alguns exemplos de atitudes que podem denunciar
a mentira”, ensina o especialista. Isto vem confirmar que fomos criados para
dizer e viver a verdade. Hoje nós sabemos que só existe um jeito de vencer a
mentira, é sermos guiados pelo Espírito da Verdade – este Deus do Pentecostes.
Pastor Marcos Schmidt
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