Você está preparado para
morrer? O que quero
tratar hoje, em especial com os irmãos leigos, é sobre o preparo em relação à
morte. Você está preparado para o morte?
Na tragédia do voo Germanwings, a
caixa preta registrou que, às 9:30, Andreas alterou o selecionador de altitude
de 30 mil pés para 100 pés. Os registros também mostram que às 9:35 o avião
estava na velocidade de 841 km/h, vindo a chocar-se contra as rochas da
montanha às 9:41.
A descida durou oito minutos. Foram oito
longos minutos de desespero, pois os demais passageiros e tripulantes do voo
viam o piloto tentar desesperadamente arrombar a porta e, pelas janelas, podiam
ver a aproximação dos gigantescos alpes.
Oito minutos. O que você faria se
soubesse que iria morrer em apenas oito minutos? Nossa resposta cristã e
imediata seria: vou orar!
Com certeza, o irmão ou irmã que,
assim como eu, viaja constantemente de avião, deve agora estar emocionado lendo
este texto, pensando no que faria.
Oito minutos é muito tempo. Nossas orações
não duram mais do que dois minutos, e às vezes as achamos longas demais.
Quando me fiz esta pergunta: o que
eu faria? Imediatamente me veio a tradicional resposta de orar, de pedir perdão
pelos meus pecados e de que Jesus me receba.
Não
é uma saída um tanto egoísta, já que peço coisas só para mim? Em Cristo, nós já estamos salvos. Eu não
tenho nenhuma dúvida disso. Confio em meu Deus e no meu Salvador. Portanto, se
nós já fomos escolhidos por Deus, e Jesus deixa isso bem claro nos Evangelhos,
então alguma razão deve existir para isso. Essa razão vai além de nos
reconhecermos como criaturas; vai além de rendermos culto ao criador; isso era
antigamente, na velha aliança. Jesus nos trouxe uma nova aliança, em que o
culto agora é transmitir a Boa Nova, anunciar a salvação e difundir o
Evangelho.
Nossos pastores, se entivessem oito
minutos finais, saberiam o que fazer. Mas e nós, leigos? Limitaríamo-nos a
pedir algo que já temos e só isso?
Num momento desses, se der para
pensar e conseguirmos nos lembrar, é bom recordar o Ofício das Chaves e sua
aplicação.
Antes da tragédia, com certeza eu
não faria nada, iria me limitar à minha oração e ponto final. Mas hoje, após
refletir e estudar sobre o tema, já sei que faria diferente.
Pelo Ofício das Chaves aprendemos
que podemos libertar as pessoas do cativeiro do pecado, da angústia, dos
ressentimentos, da escravidão. Lutero ensina que o Ofício das Chaves é para
toda a cristandade, e não só para os ministros.
Portanto, se eu tivesse oito minutos
finais de vida em um avião, perguntaria a cada pessoa: Você quer ir para o céu?
Você acredita que Jesus é o Salvador, o filho de Deus? Você se arrepende sinceramente
das coisas más que fez? Então eu te perdôo em nome de Deus Pai, Deus Filho e
Deus Espírito Santo.
Essas perguntas simples são para
pessoas desesperadas como aquelas bóias salva-vidas lançadas aos náufragos no
mar. E é assim que as pessoas não crentes são. Náufragos se afogando em seus
pecados e que precisam simplesmente de uma boia.
Nestes oito minutos, creio que teria
a chance de lançar, no mínimo, algumas (ou quem sabe muitas) boias salva-vidas.
Mas se pelo menos um náufrago fosse salvo, tudo já teria valido a pena.
Nós,
leigos, estamos preparados? Quem nos deve preparar? Sei que o tema pode gerar
controvérsia, os teólogos podem dizer que há algo errado nesse procedimento. Não
lhes tiro a razão, mas faço um desafio: Os leigos estão preparados? Quem deve
prepará-los?
Longe das controvérsias, creio que
teria feito algo, e somente Deus conhece os corações dos seres humanos. Somente
Deus conhece sua sinceridade, e somente ele atende aos pedidos de socorro. Basta
recordarmos do ladrão ao lado de Jesus, na cruz, ele nem batizado era e foi
salvo. E isso aconteceu no último instante. Para tanto, cito Lutero: “Confie nas palavras de Cristo e saiba que
Deus não tem nenhuma outra forma de perdoar pecados a não ser através da
palavra falada, como ele ordenou que façamos.”
Sendo assim, dar o perdão no momento
final de vida, através da palavra falada, e num momento de extremo desespero, é
mostrar ao náufrago que existe um mundo novo, uma nova vida; é dar-lhe o
conforto da graça divina. É dar-lhes, nesses momentos finais, tudo aquilo que
ele precisa ouvir: em nome, por amor e
ordem de Cristo, você está perdoado, fique em paz!
Proibir isso, e dizer que o leigo
não o pode fazer, é trancar a Graça numa redoma, para que a vejam, mas não a
toquem. Desejem, mas não a possuam. Alguns dirão: No momento de desespero a
pessoa fala qualquer coisa. Precisamos ter seriedade. Responderei: Não cabe a
mim julgar. Quem decide quem entra e quem não entra no céu é Jesus. Não sou eu.
Devemos estar cingidos, prontos para
o trabalho, até mesmo em oito minutos finais. Sem cessar. Sem vacilar.
Não é à toa que Jesus nos fez sal e
luz do mundo. Ele nos escolheu para fazer a diferença. Já fomos salvos para que
nós, crentes, não precisemos nos preocupar com isso, mas com a salvação dos
outros.
Sem cessar. Nosso trabalho tem que
ser constante, a todo o momento e em qualquer situação. Até mesmo nas
catástrofes. É claro que você não vai ficar parado durante um terremoto
segurando a Bíblia e recitando salmos. Como qualquer outra pessoa, você deve
correr, procurar ajuda, abrigo.
Minha sugestão é: se você está tranquilo,
tranquilize os outros. Se você está salvo, salve outros, apresentando-lhes o
único Salvador que quer e pode salvar a todos – Jesus Cristo!
Sem vacilar. Não se questione se
você pode ou não, se faz ou não. Faça. Deus capacita.
E se você quer estar preparado para
isso, procure seu pastor, converse com ele a respeito e peça para ele
orientá-lo a como estar preparado.
Não tenha medo e pense na diferença
que você pode fazer lançando boias salva-vidas no oceano de pecado. E não só em
momentos trágicos, mas no dia a dia, pois ao nosso redor o mundo está ruindo em
desgraça, e as pessoas estão se afogando no nosso trabalho, na nossa casa, na
nossa rua.
Faça. Sem cessar. Sem vacilar.
Fábio Leandro Rods Ferreira
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