Quem pode ou deve ser
um líder na igreja? Essa é uma pergunta que inquieta muitas pessoas. Logo
pensamos/olhamos para qualidades e defeitos do ser humano (“Ah, esse pode ser
presidente da minha congregação porque tem isso e mais aquilo”; “Esse não pode
ser da diretoria porque tem esses tais defeitos”) – esses pensamentos norteiam
as escolhas de líderes.
Um aspecto deve-se
levar em conta e sempre ter em mente quando se fala em liderança na Igreja: a
capacitação é dada por Deus. Há uma frase de Oswald Sanders: “A liderança
espiritual só pode ser exercida por homens cheios do Espírito Santo. Outras
qualificações para a liderança espiritual são desejáveis. Ser cheio do Espírito
Santo, é indispensável”. Em outras palavras, isso significa que é o Espírito
Santo mesmo quem escolhe e capacita os líderes. Pelos Meios da Graça (Palavra,
Batismo e Santa Ceia), o Espírito Santo alimenta a capacidade de alguém ser um
líder. Ou seja, não são nossos “achômetros” que formam um líder.
Ainda bem que a
Bíblia não deixa dúvidas de que um líder possui defeitos e falhas, veja alguns:
Abraão: sentia-se
velho. Jacó: era trapaceiro. Enganou seu irmão Esaú para ficar com o direito de
ser o filho mais velho (direito da primogenitura). Jonas: quando solicitado
para pregar em Nínive, não quis ir, por medo. Paulo: perseguidor do
Cristianismo. Moisés: (Êxodo 3.1-12) achava-se gago e incapaz. “Quem sou eu
para ir falar com o rei do Egito e tirar daquela terra o povo de Israel?”
(v.11).
Somos fracos e
pecadores e “pisamos na bola”. Muitas vezes somos Abraão, Jacó, Jonas, Paulo,
Moisés... mas precisamos ter a plena consciência de que:
a)
A
obra é de Deus e não nossa: isso nos tranqüiliza;
b)
Infelizmente,
muitos ainda estão com as “sandálias da soberba nos pés” – por isso confiam
mais em si mesmos do que na graça de Deus em Cristo Jesus. “Deus disse: Pare aí
e tire as sandálias, pois o lugar onde você está é um lugar sagrado” (Êx 3.5);
c)
Assim
como Deus enviou Moisés, hoje ele envia todos nós para sermos líderes e
enfrentarmos perigos e os faraós do mundo moderno: os faraós do ter, do poder,
do prazer, da injustiça, da mentira, da divisão, do ódio;
Para sermos líderes
na Igreja, o que nos resta é reconhecer e admitir a nossa fragilidade, nosso
erro e pedir pelo perdão de Deus. Pedir para que ele derrame em nós o seu
Espírito Santo para sermos líderes conforme a sua vontade e não conforme a
nossa intuição e pensamentos. Orar para que Deus dê sabedoria para sermos
líderes na congregação, nos leigos, nas servas, nos jovens, na escola bíblica
para crianças, ali onde estamos e vivemos, seja lá qual for a região do Brasil
ou do mundo.
Quando se fala em
liderança na Igreja, sempre se deve ter em grande consideração as palavras de
Jesus: “Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida para salvar muita gente” (Mc 10.45). Aqui Jesus dá a base da
liderança: não tem o sentido de mandar, mas o objetivo é servir. O que é
maravilhoso: Jesus não falou apenas em
servir, mas ele agiu e serviu. Ele serviu grupos e pessoas que eram ignoradas e
que não tinham vez nem voz na sociedade: mulheres, crianças e doentes; e ainda
lavou os pés dos discípulos. Ele serviu para que as pessoas que eram vistas
como “indignas”, pudessem ser vistas como dignas.
Para concluir, uma
situação em que Lutero fala do líder/servo: “Imaginem essa cena: Se um filho de
um grande e poderoso rei viesse à casa de um pobre mendigo, cuidasse dele na
sua doença, limpasse a sua sujeira e fizesse todas aquelas coisas de outra
forma o mendigo teria que fazer. Não seria isso uma surpresa e grande humildade?
Pois que outra coisa temos aí se não isso: Cristo, o Filho de Deus, torna-se
meu servo e humilha-se tanto assim que leva a minha miséria e o meu pecado, sim
o pecado e a morte de todo mundo. E dirige-se a nós e diz: eu servi em teu
lugar, eu paguei pelos teus pecados”.
Que obra grandiosa: o
líder/servo Jesus Cristo serve em favor da humanidade que veste as “sandálias
da soberba”.
Quem sou eu para ser líder na Igreja? Sou alguém
amado, capacitado e servido pelo amor e pela graça de Deus. Isso basta, e mãos
ao trabalho, líderes, ou melhor, servos de Deus.
Pastor Leandro Born
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