sábado, 12 de abril de 2014

O acusador, o defensor, Davi e Golias

Em 2002, o engenheiro agrônomo italiano Luigi Cascioli, autor do livro La favolla di Cristo que “prova” que o “homem de Nazaré” nunca existiu, ingressou com um processo judicial contra o padre Enrico Righi, em Viterbo, na Itália. No processo, o padre foi intimado a provar que Jesus, de fato, havia existido, sob pena de cometer o delito de abuso de credulidade popular (art. 661 do código italiano), no entanto, o Judiciário italiano rejeito a ação em 2004.
             
Em 2006, Luigi ingressou com nova ação no Tribunal Europeu de Direitos do Homem, em Estrasburgo, que desta vez aceitou a ação; mas, inesperadamente, Luigi morreu em 15 de março de 2010, e seu famigerado processo foi denunciado (encerrado por desistência).
             
Caso completamente oposto vem do Quênia. O advogado Dola Indidis ingressou com uma ação judicial no Tribunal de Haia buscando anular os processos judiciais judeu e romano que condenaram Jesus Cristo.
             
Dola Indidis ingressou primeiramente com a ação na Alta Corte do Quênia, no ano de 2007, exatamente um ano depois da ação do italiano Luigi, só que a Alta Corte recusou sua proposta de litígio. Inconformado, repetiu a ação em Haia em agosto de 2013.
             
A pretensão do advogado queniano é atacar o governo e os líderes religiosos que proferiram a sentença de morte contra Jesus. Como o Império Romano não existe mais e os líderes já morreram, os réus da ação de Dola Indidis são os governos da Itália e de Israel, que, segundo ele, teriam herdado as leis daqueles antigos povos que sentenciaram Cristo.
             
A aposta é que o Tribunal de Haia, assim como a Alta Corte do Quênia, rejeite a ação.
             
Nestes dois casos temos exemplos de litígios judiciais; um ataca Deus e o outro o defende.
             
Litígio significa demanda, disputa, divergência. Significa também ação judicial que está entregue aos tribunais para apreciação e decisão sobre uma determinada situação em relação à qual as pessoas não se entendem.
             
Há muito tempo atrás, na era do Antigo Testamento, os litígios eram disputados em campos de batalha, às custas de muitas mortes e sangue.
             
Naquela época havia um litígio entre os filisteus e os israelitas. Um acusador, extremamente forte e grande, chamado Golias, desafiava os israelitas, dizendo ser direito dos filisteus a exploração do povo de Deus (1 Samuel 17.4-11).
             
Davi, um pequeno rapaz, fraco, defendeu o povo de Deus, enfrentando o enorme gigante: “quem é Golias para desafiar meu Deus?” (1 Samuel 17.26).
             
E, tomado pelo Espírito Santo (1 Samuel 17.37) e mais nada, venceu o litígio transformando o gigante Golias em pó, para vergonha dos filisteus (1 Samuel 17.50).
             
Nosso povo de hoje parece não entender nada, não consegue ver que as histórias da Bíblia se repetem na terra em ciclos, sempre a mesma coisa, e sempre repetimos os mesmos erros.
             
Hoje, os filisteus são as teses que rompem com todos os ensinamentos bíblicos: fim dos cristãos, cerimônia de “desbatismo”, casamento homossexual, lei da palmada, venda de milagres, teologia da prosperidade, reforma na educação. Um verdadeiro enfrentamento ao nosso Deus.
             
E o que fazemos? Tal qual os israelitas de Saul, que se esconderam temerosos no campo de batalha por 40 dias (1 Samuel 17.16), assim ficamos nós, escondidos em nossos templos, amedrontados, acreditando que as coisas têm que ser assim, pois Jesus está chegando, e tudo vai melhorar.
             
Ora, em Apocalipse há uma advertência bem clara: não devemos querer, nem acelerar o Dia do Senhor. Por isso, na visão de um leigo, creio que a função do cristão é exatamente o oposto, ou seja, retardar a vinda do Senhor.
             
Como? Levando o Evangelho a todos os povos, espalhando o amor para todos os cantos da Terra, pois enquanto houver amor no mundo, o fim não virá.
             
E quanto aos ataques aos cristãos? Devemos despertar o Davi que existe em nós e questionar quem são esses filisteus para desafiar o nosso Deus? Sim, eu acho que devemos.
             
Mas não da forma como alguns irmãos defendem, querendo criar atrativos para os cultos, exigir que a Igreja se manifeste, que a Igreja assuma uma posição, ou como o advogado queniano, querendo defender Deus, ou seja, não é pegando em espadas e fundas.
             
Há outra forma de vencer este litígio, mas sem, também, correr o risco de nos tornarmos fundamentalistas. Levando Cristo para Todos!
             
Devemos nós defender Deus? Creio que nosso Criador não precisa de defesa, não precisa de proteção, nem de advogado. Deus é nosso refúgio e fortaleza; Jesus é nosso advogado. Como poderá o protegido querer defender aquele que o protege?
             
Deus não precisa que o defendamos, o que ele precisa são servos leais, fiéis e devotados como Davi.
             
Se nossa fé fosse do tamanho de um grão de mostarda, poderíamos dizer aos filisteus de hoje: Calem-se! E eles se curvariam calados. Mas ao invés disso, refugiamo-nos com medo do mundo, sem propagar o Evangelho.
             
Nossos pastores oram sozinhos nos altares em favor do nosso governo, porque nós, os membros leigos, não fazemos isso. Oramos timidamente por nós mesmos, por nossos familiares e ponto final. Alguém lembra de orar pelos afilhados de Batismo? Alguém lembra de orar pelo chefe? De orar pelo patrão, em respeito ao Quarto Mandamento?
            
 Nada. Mas queremos discutir e iniciar guerras contra filisteus de hoje. Queremos defender Deus com unhas e dentes sem fazer antes nosso dever de casa.
             
Devemos ser como Davi, sim! Mas não precisamos discutir nem enfrentar os filisteus de hoje que, assim como os filisteus de ontem, querem escravizar o povo de Deus. O que precisamos fazer, assim como Davi, é encher-nos do Espírito Santo e viver no dia-a-dia a fé que Deus nos deu e amar o próximo como ele nos ama, mais nada.
             
Precisamos nos encher de coragem e sair dos templos, levar o Evangelho e o amor de Cristo com toda força e com toda vontade, para vencer o litígio contra o Golias que traz em suas teorias científicas, leis e mudanças de comportamento, o fim do mundo. Precisamos enfrentar Golias com o Evangelho para mostrar que o fim do mundo pertence ao nosso Deus, e não ao mundo.
             
O Golias do Antigo Testamento fez exatamente isso: durante 40 dias anunciou aos israelitas o fim do mundo com a escravidão de seus deuses. Davi, sem medo e sem vergonha, lançou uma pequena pedra, que era o Evangelho de Jesus, esfacelando o crânio de Golias, protelando assim o fim do mundo dos israelitas por muitos e muitos anos.
             
Deus, sozinho, silenciou o italiano que processava o padre. E o advogado queniano está somente correndo atrás do vento (Eclesiastes 1.2-6).
             
Os 40 dias já passaram. E você? Aceita ser o Davi da sua Igreja?
 
Fabio Leandro Rods Ferreira

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