Em 2002, o
engenheiro agrônomo italiano Luigi Cascioli, autor do livro La favolla di
Cristo que “prova” que o “homem de Nazaré” nunca existiu, ingressou com um
processo judicial contra o padre Enrico Righi, em Viterbo, na Itália. No
processo, o padre foi intimado a provar que Jesus, de fato, havia existido, sob
pena de cometer o delito de abuso de credulidade popular (art. 661 do código
italiano), no entanto, o Judiciário italiano rejeito a ação em 2004.
Em 2006, Luigi ingressou com nova
ação no Tribunal Europeu de Direitos do Homem, em Estrasburgo, que desta vez
aceitou a ação; mas, inesperadamente, Luigi morreu em 15 de março de 2010, e
seu famigerado processo foi denunciado (encerrado por desistência).
Caso completamente oposto vem do
Quênia. O advogado Dola Indidis ingressou com uma ação judicial no Tribunal de
Haia buscando anular os processos judiciais judeu e romano que condenaram Jesus
Cristo.
Dola Indidis ingressou primeiramente
com a ação na Alta Corte do Quênia, no ano de 2007, exatamente um ano depois da
ação do italiano Luigi, só que a Alta Corte recusou sua proposta de litígio.
Inconformado, repetiu a ação em Haia em agosto de 2013.
A pretensão do advogado queniano é
atacar o governo e os líderes religiosos que proferiram a sentença de morte
contra Jesus. Como o Império Romano não existe mais e os líderes já morreram,
os réus da ação de Dola Indidis são os governos da Itália e de Israel, que,
segundo ele, teriam herdado as leis daqueles antigos povos que sentenciaram
Cristo.
A aposta é que o Tribunal de Haia,
assim como a Alta Corte do Quênia, rejeite a ação.
Nestes dois casos temos exemplos de
litígios judiciais; um ataca Deus e o outro o defende.
Litígio significa demanda, disputa,
divergência. Significa também ação judicial que está entregue aos tribunais
para apreciação e decisão sobre uma determinada situação em relação à qual as
pessoas não se entendem.
Há muito tempo atrás, na era do
Antigo Testamento, os litígios eram disputados em campos de batalha, às custas
de muitas mortes e sangue.
Naquela época havia um litígio entre
os filisteus e os israelitas. Um acusador, extremamente forte e grande, chamado
Golias, desafiava os israelitas, dizendo ser direito dos filisteus a exploração
do povo de Deus (1 Samuel 17.4-11).
Davi, um pequeno rapaz, fraco,
defendeu o povo de Deus, enfrentando o enorme gigante: “quem é Golias para
desafiar meu Deus?” (1 Samuel 17.26).
E, tomado pelo Espírito Santo (1
Samuel 17.37) e mais nada, venceu o litígio transformando o gigante Golias em
pó, para vergonha dos filisteus (1 Samuel 17.50).
Nosso povo de hoje parece não
entender nada, não consegue ver que as histórias da Bíblia se repetem na terra
em ciclos, sempre a mesma coisa, e sempre repetimos os mesmos erros.
Hoje, os filisteus são as teses que
rompem com todos os ensinamentos bíblicos: fim dos cristãos, cerimônia de
“desbatismo”, casamento homossexual, lei da palmada, venda de milagres,
teologia da prosperidade, reforma na educação. Um verdadeiro enfrentamento ao nosso
Deus.
E
o que fazemos? Tal qual os israelitas de Saul, que se esconderam temerosos
no campo de batalha por 40 dias (1 Samuel 17.16), assim ficamos nós, escondidos
em nossos templos, amedrontados, acreditando que as coisas têm que ser assim,
pois Jesus está chegando, e tudo vai melhorar.
Ora, em Apocalipse há uma
advertência bem clara: não devemos querer, nem acelerar o Dia do Senhor. Por
isso, na visão de um leigo, creio que a função do cristão é exatamente o
oposto, ou seja, retardar a vinda do Senhor.
Como?
Levando o Evangelho a todos os povos, espalhando o amor para todos os cantos da
Terra, pois enquanto houver amor no mundo, o fim não virá.
E quanto aos ataques aos cristãos?
Devemos despertar o Davi que existe em nós e questionar quem são esses
filisteus para desafiar o nosso Deus? Sim, eu acho que devemos.
Mas não da forma como alguns irmãos
defendem, querendo criar atrativos para os cultos, exigir que a Igreja se
manifeste, que a Igreja assuma uma posição, ou como o advogado queniano, querendo
defender Deus, ou seja, não é pegando em espadas e fundas.
Há outra forma de vencer este
litígio, mas sem, também, correr o risco de nos tornarmos fundamentalistas.
Levando Cristo para Todos!
Devemos
nós defender Deus? Creio que nosso Criador não precisa de defesa, não
precisa de proteção, nem de advogado. Deus é nosso refúgio e fortaleza; Jesus é
nosso advogado. Como poderá o protegido querer defender aquele que o protege?
Deus não precisa que o defendamos, o
que ele precisa são servos leais, fiéis e devotados como Davi.
Se nossa fé fosse do tamanho de um
grão de mostarda, poderíamos dizer aos filisteus de hoje: Calem-se! E eles se
curvariam calados. Mas ao invés disso, refugiamo-nos com medo do mundo, sem
propagar o Evangelho.
Nossos pastores oram sozinhos nos
altares em favor do nosso governo, porque nós, os membros leigos, não fazemos
isso. Oramos timidamente por nós mesmos, por nossos familiares e ponto final. Alguém
lembra de orar pelos afilhados de Batismo? Alguém lembra de orar pelo chefe? De
orar pelo patrão, em respeito ao Quarto Mandamento?
Nada. Mas queremos discutir e
iniciar guerras contra filisteus de hoje. Queremos defender Deus com unhas e
dentes sem fazer antes nosso dever de casa.
Devemos ser como Davi, sim! Mas não
precisamos discutir nem enfrentar os filisteus de hoje que, assim como os
filisteus de ontem, querem escravizar o povo de Deus. O que precisamos fazer,
assim como Davi, é encher-nos do Espírito Santo e viver no dia-a-dia a fé que
Deus nos deu e amar o próximo como ele nos ama, mais nada.
Precisamos nos encher de coragem e
sair dos templos, levar o Evangelho e o amor de Cristo com toda força e com
toda vontade, para vencer o litígio contra o Golias que traz em suas teorias
científicas, leis e mudanças de comportamento, o fim do mundo. Precisamos
enfrentar Golias com o Evangelho para mostrar que o fim do mundo pertence ao
nosso Deus, e não ao mundo.
O Golias do Antigo Testamento fez
exatamente isso: durante 40 dias anunciou aos israelitas o fim do mundo com a
escravidão de seus deuses. Davi, sem medo e sem vergonha, lançou uma pequena
pedra, que era o Evangelho de Jesus, esfacelando o crânio de Golias, protelando
assim o fim do mundo dos israelitas por muitos e muitos anos.
Deus, sozinho, silenciou o italiano
que processava o padre. E o advogado queniano está somente correndo atrás do
vento (Eclesiastes 1.2-6).
Os 40 dias já passaram. E você?
Aceita ser o Davi da sua Igreja?
Fabio Leandro Rods Ferreira