domingo, 16 de dezembro de 2012

O que é e quando é celebrado?

Talvez você já tenha visto a seguinte cesa: alguém reclamando que os brasileiros importam a cultura dos americanos. Por exemplo, as escolas agora comemoram o “dia das bruxas”, e as igrejas, o “dia de ação de graças”.
           
De fato, o Brasil tem muita cultura original desvalorizada, muitas de origem indígena, e realmente parece haver um esforço para introduzir culturas alheias que não fazem nenhum sentido para a população brasileira, como é o caso do “dia das bruxas”. Já o Dia de Ação de Graças, em que pesa ser originário dos Estados Unidos, não é algo tão sem sentido assim, muito pelo contrário: ao pesquisar sobre a origem do Dia de Ação de Graças, percebemos que a cultura americana dá muito mais valor ao sentido religioso do dia do que as culturas latinas.

O Dia de Ação de Graças é festejado nos EUA desde o século 16, mas foi legalmente instituído como data oficial por George Washington em 1789.

Há duas correntes históricas sobre a origem do Dia de Ação de Graças. Uma define que a sua origem se deve ao sentimento dos americanos em relação aos ingleses após a independência dos EUA em 1776, como uma espécie de filtro contra sentimentos de revolta. Terminada a guerra, os recentes líderes sabiam que necessitariam manter relações comerciais com a Inglaterra; logo, permitir que se desenvolvesse um sentimento de rancor seria prejudicial aos negócios.

Por isso, os primeiros governantes incentivaram nos novos americanos a idéia de que nada deveria ser mais forte do que a gratidão de viver em um país rico e generoso, de modo que deveriam das graças a Deus. Nesse período, todos deveriam ser tratados com respeito, generosidade, amor e gratidão. Por coincidência, era justamente neste período escolhido que se realizavam as transações comerciais.

Como resultado, essa mistura de amor à pátria nova e de que Deus está ao lado dos americanos fez com que esse sentimento se tornasse tão forte de modo a se confundir religião com civismo. Na própria instituição do Dia de Ação de Graças, George Washington assim escreveu: “É dever de todas as nações reconhecerem a providência de Deus Todo-Poderoso, obedecerem à sua vontade, serem gratas aos seus benefícios e humildemente implorarem sua proteção e seu favor”.

Já a segunda corrente provém de uma origem mais antiga. Para esses historiadores, o festejo teria começado em 1621 quando pela primeira vez na região onde hoje é Massachusetts um grupo de imigrante religiosos festejou por três dias uma farta colheita após terem passado muito trabalho, terem sobrevivido ao inverno, e a uma viagem de navio em que muitos morreram.

Esses festejos continuaram ano após ano por motivos diversos: colheita farta; fim da seca; fim da Guerra Civil, etc. Por fim, tornou-se feriado nacional em 1941 celebrado sempre na última quinta-feira do mês de novembro.

No Brasil, país que possui uma característica forte de “copiar” legislação estrangeira, também se copiou a lei americana, criando em 17 de agosto de 1949 a Lei 781 que instituiu o Dia Nacional de Ação de Graças. Trata-se de uma pequena lei, de apenas um artigo, que define, como dia comemorativo no Brasil, a última quinta-feira do mês de novembro, dedicado ao Dia de Ação de Graças. Posteriormente, em 1966 essa lei foi alterada para definir a quarta quinta-feira do mês de novembro, ao invés da última, para coincidir com as datas internacionais.

Como disse no início, existe a lei, mas nem todos sabem o real sentimento que expressa a data em questão.

O Decreto 57.298/65 regula a obrigação de nossos governantes com relação ao Dia Nacional de Ação de Graças, determinando: que o presidente da República realize um pronunciamento ao povo na véspera (art. 2º do Decreto); que em Brasília seja realizada uma grande festividade (art. 3º); que nos quartéis os comandantes militares providenciem juntamente com os capelães cultos e celebrações religiosas (art. 5º); e por fim, que nas escolas em todos os graus sejam realizados atos elucidativos do Dia Nacional de Ação de Graças (art. 6º).

Eu nasci em 1972, 23 anos depois da lei. Estudei em escola católica até a 5ª série do primário e em escola pública até o fim do segundo grau. Fui militar do Exército por dois anos. Meu curso superior foi em Faculdade Adventista. E nunca ouvi falar no tal Dia Nacional de Ação de Graças.

Que fizemos?

Tornamo-nos um povo ingrato. Nossa nação é teimosa como algumas nações descritas na Bíblia. Nem o povo, nem os governantes aprendem.

George Washington estava corretíssimo: “É dever de todas as nações reconhecerem a providência de Deus Todo-Poderoso”. Todavia, em uma nação em que se arrancam crucifixos de tribunais em nome da laicidade, sem saber que aqueles crucifixos foram ali colocados não por motivos religiosos, mas científicos, é mais fácil que o governo revogue a lei do que exigir que ele a cumpra.

O Dia de Ação de Graças é sim típico da cultura americana, mas, para nós, e para todos os povos, faz ou deveria fazer muito sentido. E já que o governo não cumpre a lei, devemos nós, escolas, igrejas, quartéis, cumpri-la, bem como incentivar e esclarecer o seu significado; afinal, a lei ainda é válida e não foi revogada. Mais do que isso, o amor de Deus por nós, suas bênçãos e sua Salvação através de Jesus Cristo, ainda são válidos, não foram revogados, estão vivos em nós e são providenciados pelo Senhor todos os dias para todos, cristãos e não cristãos, dando: terra fértil; ausência de guerras; as estações do ano; cientistas que encontram cura para doenças; corpo e alma, razão e todos os sentidos e ainda os conserva; vestes, alimentos; moradia; família; emprego; patrimônio; proteção de perigos conforme sua vontade; tudo unicamente por bondade e misericórdia, sem nenhum mérito nosso. Esses motivos são mais do que suficientes para darmos graças a Deus todos os dias, servindo-o e obedecendo-o, porque isso é certamente verdade.

Não há desculpas. Nada nos falta.

Ser ingrato e mal-educado é a pior forma de relacionamento social entre as pessoas. Não se deve ser assim na sociedade, então, por que ser assim com Deus?

Por isso, finalizo com a confissão de fé e louvor do salmista:

“Tu és o meu Deus, render-te-ei graças; tu és o meu Deus, quero exaltar-te.

Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Salmo 118.28-29)

Fabio Leandro Rods Ferreira
Advogado

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