Desde 2020, as notícias sobre ataques cibernéticos têm
sido uma constante. Conforme levantamento realizado pela World Economic Forum,
os maiores ataques da história foram registrados em 2012, quando o vírus
Stuxnet invadiu 60.000 computadores em Teerã e destruiu 1.000 centrífugas
nucleares, aniquilando o programa nuclear do Irã até hoje; em 2013, quando
cibercriminosos invadiram o Yahoo e comprometeram 3 bilhões de contas de
usuários; em 2016, quando um ataque DoS paralisou a internet na América do
Norte; em 2017, um ataque massivo de Ransomware infectou cerca de 200.000
computadores em aproximadamente 150 países; as vítimas receberam um pedido de
resgate em bitcoin.
No Brasil, foram registrados, só entre janeiro e
agosto de 2021, mais de 439.000 ataques cibernéticos, colocando o Brasil no 2º
lugar no ranking de países mais violados, segundo a NetScout.
Segundo a Checkpoint Research, o índice semanal de
ataques no Brasil, em 2022, sofreu um aumento de 46% em relação a 2021, e o ano
ainda não acabou.
Os
ataques mais comuns são o phishing, quando o usuário recebe um e-mail falso,
não confere e clica em um link acreditando ser da empresa, e, com isso, abre a
porta para o criminoso virtual. Em nossas casas, também sofremos esse ataque,
só que o link do e-mail falso captura nossos dados bancários, e assim o
criminoso realiza operações como empréstimos e transferências.
Pelo
Backdoor, o criminoso encontra uma porta dos fundos aberta e invade a máquina
do usuário dominando todo um sistema de uma organização. Também pode acontecer
em máquinas domésticas.
Através
do DoS e DDoS, os criminosos derrubam um site ou um banco de dados, tornando
inoperante a organização.
Pela
Engenharia Social, o criminoso usa técnicas psicológicas para enganar o
usuário, obtendo deste as credenciais de acesso a um sistema. Também pode
acontecer em nossa vida particular.
Um
dos ataques mais violentos é através do Ransomware, que entra na máquina
através de phishing ou de Engenharia Social. Nesse ataque, o sistema inteiro é seqüestrado,
levando a organização à era do papel. O prejuízo é enorme, e não falamos só em
dinheiro. O impacto psicológico entre os trabalhadores é grande, o pânico é
generalizado, é um quadro desolador.
Como
se pode ver pelas descrições acima, nada impede uma organização religiosa de
sofrer um ataque cibernético.
Conforme
estudo da NetScout Systems, no primeiro semestre de 2022, o número de ataques
cibernéticos contra organizações religiosas na América Latina teve um aumento
de 78,73%.
O
principal ataque registrado é o DDoS, tirando o site do ar e parando o banco de
dados.
Mais
da metade desses ataques foram registrados no Brasil por motivos religiosos e
políticos, e foi registrada em datas festivas das igrejas, como o ataque
sofrido pela Sociedade Israelita do Rio de Janeiro, em 22 de agosto de 2021,
quando realizavam uma homenagem a Dora Fraifeld.
Alguns
grupos hackers organizados, como Evil Corp e Anonymous, têm como prática o
ataque a igrejas por motivos ideológicos. Em fevereiro de 2021, o grupo
Anonymous fez um ataque ao vivo contra a Igreja Batista de Westboro, nos EUA,
por discordar de sua posição sobre homossexualidade.
Ou
seja, as igrejas não estão livres de sofrerem ataques cibernéticos, que podem
ser desde uma simples desconfiguração no site, como um desastroso seqüestro por
Ransomware.
Portanto,
assim como as empresas, as organizações religiosas precisam despertar para a
cultura da segurança da informação, para estarem preparadas por ocasião de um
ataque.
Da
mesma forma, o cristão precisa estar sempre preparado para os ataques do diabo
vestido da armadura dada por Deus: “Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a
vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo” (Ef 6.11).
Nossa
segurança está em Cristo e sua igreja: “Ele nos libertou do poder da escuridão
e nos trouxe em segurança para o Reino do seu Filho amado” (Cl 1.13).
A
igreja é o nosso sistema antivírus que nos alerta para as falsas doutrinas
(phishing): “Então não seremos mais como crianças, arrastados pelas ondas e
empurrados por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas. Essas pessoas
inventam mentiras e, por meio delas, levam outros para caminhos errados” (Ef
4.14); e que nos ajuda a fechar a porta dos fundos por onde entram os maus
desejos, as flexibilizações de normas; a substituição de ofertas por eventos (Backdoor):
“Eu digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com explicações
falsas, mesmo que pareçam muito boas” (Cl 2.4).
Através
dos sacramentos do altar, nossos olhos são abertos para coisas verdadeiras, que
realmente importam: o pão da vida; a água viva, e com isso não teremos nosso
coração e mente inoperantes por assuntos que não nos levam a nada (DoS): “E
assim voltarão ao seu perfeito juízo e escaparão da armadilha do Diabo, que os
prendeu para fazerem o que ele quer” (2Tm 2.26).
A
orientação de nossos pastores nos ajuda a ver a sutil artimanha do diabo, e com
isso e a oração sincera, não caímos na enganação (engenharia social): “Não dêem
ao Diabo oportunidade para tentar vocês” (Ef 4.27).
E
só assim, com Cristo e a igreja, é que não teremos a nossa alma seqüestrada pelo
maligno, o pior de todos os ataques (Ransomware): “Pois o salário do pecado é a
morte, mas o presente gratuito de Deus é a vida eterna, que temos em união com
Cristo Jesus, o nosso Senhor” (Rm 6.23).
As
organizações , inclusive as religiosas, precisam mudar sua cultura interna com
relação à segurança da informação.
O
cristão só precisa persistir, porque Jesus Cristo, através do batismo, já
implantou em nós o programa da salvação. Só devemos permanecer: “Mas, depois de
sofrerem por um pouco de tempo, o Deus que tem por nós um amor sem limites e
que chamou vocês para tomarem parte na sua eterna glória, por estarem unidos
com Cristo, ele mesmo os aperfeiçoará e dará firmeza, força e verdadeira
segurança” (1Pe 5.10).
Fabio Rods