Um casal de amigos, tempos atrás, seguiu as orientações do
GPS numa viagem entre Novo Hamburgo e Torres, RS, e se meteu numa baita
enrascada. O sistema de navegação mandou que seguissem por uma estrada
alternativa, de chão batido e pedregoso entre as montanhas da Serra do Mar,
deixando de lado a opção do asfalto e da segurança. Chegaram ao destino, mas
através de um desgaste que poderia ter sido evitado.
Esses
são os contratempos que nos esperam na estrada de 2014, que está à nossa frente
com muitas setas, convidando: “Siga por este caminho”. São decisões que
precisam ser tomadas e que podem dar certo ou errado. Nesse contexto ainda
desconhecido, cada pessoa tem as suas dúvidas e perguntas: “Faço um
financiamento para comprar uma casa própria”? “Troco de emprego”? “Me
aposento”? “Caso”? “Entro numa faculdade”? E por aí vai, com um monte de
alternativas que vão exigir reflexão e decisão. Mas a vida é assim mesmo, e
feliz aquele que pode escolher. Tem gente que tenta decidir por nós, que tenta
nos obrigar com suas idéias sem dar a chance de pensarmos e seguirmos com as
próprias pernas. Na política, nos negócios, nos lazeres e até na igreja. São
aqueles ditadores, senhores do mundo, que se acham os donos da verdade. São os
“GPS” que nos metem em frias. É claro,se é o patrão, preciso obedecer para não
perder o emprego. Mas e se é o marido, a esposa, o pastor, o líder na igreja?
Que Deus nos livre deste tipo de opressão, porque nem mesmo ele, que é o Senhor
dos senhores, coloca-nos no cabresto. Deus nos permite escolher. Primeiro
mostra o que é melhor, mas depois ele nos deixa escolher.
É assim
que vai ser, outra vez, neste novo ano, o Senhor vai nos dar liberdade para
decidir. E a vida terá graça, sabor, satisfação. Imaginem se tudo já estivesse
no papel, nos mínimos detalhes da agenda? Sem a chance de mudar, de trocar? As
viagens que quero fazer, as novas amizades que pretendo conquistar, as comidas
que desejo saborear, as coisas que almejo comprar? Seria o maior tédio se tudo
já estivesse definido. Felizmente, 2014 promete muitas surpresas, boas e ruins,
mas, surpresas, na convicção de que Deus estará lá, assim como esteve com o seu
cuidado no ano que acabou.
É
preciso, no entanto, escutar as palavras de Nelson Mandela: “Não há caminho fácil
para a liberdade”. Por 27 anos, este homem esteve preso sob o regime racista da
África do Sul, mas, no final, as suas sábias escolhas transformaram a vida de
milhões de pessoas. Uma história parecida com a de José, vendido como escravo
ao Egito pelos irmãos. Ele optou pelo caminho do bem em várias situações do
mal, o que lhe rendeu grandes bênçãos, na sua vida e na de seu povo. O apóstolo
Paulo, igualmente, experimentou o sabor das boas escolhas, ele que também
esteve na prisão. Numa de suas cartas, escreveu que Cristo nos libertou para
sermos realmente livres, e que assim devemos permanecer, sem voltar à
escravidão (Gl 5.1). Ele se referia ao pecado, o pior tipo de escravidão.
Esta
certeza podemos ter, no misterioso percurso de 2014, repleto de encruzilhadas:
as nossas escolhas, em sintonia com a vontade de Deus por nossa salvação e
felicidade, serão transformadas em coisas boas. Até porque todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, sublinha a Bíblia. Ou seja, Deus
transforma os limões numa limonada. Não foi assim em 2013? Quantas coisas
ruins, que nem tivemos a chance de dizer “isto eu não quero”, reverteram-se em
coisas boas? Pode ser que ainda não tenhamos descoberto isto, mas lá estão
aquelas palavras que tanto já ouvimos: “E também nos alegramos nos sofrimentos,
pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a
aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. Essa esperança não nos
deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio
do Espírito Santo, que ele nos deu” (Rm 5.3-5).
Foi o
que aconteceu com esse casal de amigos, enganado pelo GPS: os dois são
recém-casados e aprenderam a difícil lição de que em tudo é bom perguntar e
pedir orientação. Bem disse Salomão: “Sem conselhos os planos fracassam, mas
com muitos conselheiros há sucesso” (Pv 15.22)
Pastor Marcos Schmidt